domingo, 17 de maio de 2009

Mercado Municipal Engenheiro Silva


No dia 24 de Junho de 1892, por volta das sete horas da manhã, foi inaugurado o Mercado Municipal Engenheiro Silva. Tal acontecimento foi motivo de festividade para a cidade, visto que inaugurou no dia de S. João, o mercado estava decorado com bandeiras coloridas, que faziam o belo contraste com o “rosa-velho” das paredes, ouviam-se os foguetes, que eram acompanhados pelas músicas da banda filarmónica “Figueirense”.
Mas nem tudo se tornou motivo de celebração. Os comerciantes que vinham dos arredores da cidade, como Tavarede, Brenha e Buarcos, tinham por hábito desfrutar da zona do mercado para venderem os seus produtos, situação que se modificou após a elevação e inauguração do Mercado. Assim o jornal da época “Correspondência da Figueira” alegou ser “injusto terminar com o mercado livre dos comerciantes ambulantes”, pois tornou-se ilegal a venda de mercadorias fora do espaço comercial que o mercado proporcionava, e que se tal acontece-se teriam de pagar um multa no montante de 1000 réis, um montante bastante elevado para a época e para os comerciantes, que na sua maior parte eram agricultores e não tinham rendimentos para pagar tal montante. Com isto a câmara municipal tomou a iniciativa de designar os locais de comércio livre, ajudando os comerciantes e evitando conflitos.
Tirando este senão, o mercado tornou-se um ponto obrigatório para os habitantes da cidade, onde, a partir das nove da manhã, a gente humilde se juntava, metia a conversa em dia, fazia as compras para as suas senhorias, fazendo parte da rotina. O mercado dispunha, também de um café, que se tornou moda rapidamente, e que, consoante o jornal “ O Figueirense”, conseguia fazer concorrência aos cafés chiques das grandes cidades como Lisboa e Porto, e onde os rapazes solteiros tentavam a sua sorte de encontrarem raparigas solteiras.
O Mercado Municipal Engenheiro Silva foi, então, importante para o desenvolvimento económico da cidade, pois dispunha de uma fartura de produtos, desde os legumes ao peixe e à carne, as lojas de pronto a vestir aos atoalhados, os gritos das peixeiras a chamar clientes à convivência entre o comerciante e o cliente, davam no seu conjunto um misto de cores e alegria á cidade da Figueira da Foz, que naquela altura ainda estava na moda.


























Entretanto o mercado já foi renovado e reinaugurado, mantendo o seu formato estético inicial, como os portões, a disposição das bancas, e o rosa-velho das paredes, modernizando apenas os sistemas de limpeza das bancas de peixe e melhorando a divisão entre as diversas lojas que lá se encontram. O mercado continua, assim, um ponto de encontro para os clientes habituais, as pessoas que mais idosas que continuam a tradição de ir à praça pela manhã, revivem-se memorias de bons tempos da nossa Figueira, num espaço renovado e de porte histórico para a cidade da Figueira da Foz.


Fotografias: Inês Marques

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